Aldeia Avieira da Palhota
Morada: Rua Direita
Localidade: Reguengo
Proprietário: Público
Data de construção: Final do século XIX / Início do século XX
Descrição
A Aldeia Avieira da Palhota situa-se numa zona de planície, na margem direita do Tejo. A Aldeia é constituída por algumas casas em madeira, que se encontram dos dois lados de uma rua de terra batida.
Entre o final do século XIX e o início do século XX, chegaram os primeiros pescadores à actual povoação da Palhota. Estes pescadores, oriundos da Praia de Vieira, do concelho da Marinha Grande, procuravam uma forma de sustento porque, no Inverno, o mar não oferecia as condições necessárias. Deste modo, os avieiros trocaram a pesca do mar pelo «jardim de peixe» do rio Tejo.
Inicialmente, viviam nos barcos que usavam para a pesca, com o quarto na proa, a cozinha no meio e a oficina de pesca à ré. Era nos seus barcos que viviam, trabalhavam, dormiam e criavam os filhos. Por volta de 1930, construíram-se as primeiras habitações, feitas de ramos de árvores, palhas e tábuas. Mais tarde, a pedido do dono do terreno, as casas implantaram-se ao longo de 2 ruas paralelas ao rio. Em 1960, começaram a ser utilizadas placas de contraplacado na reparação das casas.
Actualmente, as casas desta aldeia apresentam uma planta rectangular e um telhado cerâmico de 2 águas, com uma escada de madeira exterior que dá acesso a um alpendre. Pintadas com cores vivas, o interior destas casas divide-se em dois quartos, que dão acesso a uma sala-cozinha com lareira. O espaço acima dos quartos serve para arrumação dos materiais de pesca, enquanto as embarcações ficam na parte debaixo da casa. Estas casas, denominadas palafitas, foram construídas essencialmente em madeira e estão fundadas sobre estacas, já usadas nas dunas contra o mar. Deste modo, oferecem protecção contra as inundações resultantes das cheias do Tejo.
De todas as aldeias piscatórias do Tejo, a Palhota é a que apresenta o melhor estado de conservação, aspecto visível tanto nas habitações como nas tradições dos pescadores, sendo considerada património natural. Deste modo, revelou-se a necessidade de preservar o património desta aldeia, e foi então que, em 1988, se criou o Projecto Palhota Viva, com a finalidade de recuperar e preservar a Aldeia Avieira da Palhota.
«Nómadas do rio, como ciganos na terra, tinham vindo da praia de Leiria e faziam vida à parte: chamavam-lhes avieiros (…). Vagabundos do Tejo – tendo muitos a barco como lar e as estrelas como telhas. Debruçados no Rio uma vida inteira, a colher sonhos desfeitos – sem outro rumo na carta, sem mais horizontes nos olhos. Pescadores sem tatuagens, marinheiros que não gingam a malandrar. Balouçam os ombros porque o Tejo viu nascer muitos e os embala até à morte – sempre meninos. A única tatuagem que os marca, foi a vida que lha fez – uma sombra no rosto e um pesar no peito. Ciganos do Tejo, de porto em porto, de vela em vela, singrando neste rio tão bom e tão traiçoeiro – tão traiçoeiro e tão bom pelas suas margens só o conhecem por Mar.»
«Isolado ali no declive da margem a ver passar o Tejo sem mais telha próximo. Valada ao longe a lembrar o mundo, com o campanário e as árvores do tapadão a dominá-la. Agulhas de mastros no carrego de cortiça, colhidas as velas à espera de vento. Até lá deserto de areia, aos solavancos, como quem galga o caminho com pressa de ver gente. Moitas verdes de tramaga com o oásis; flores amarelas de margaça, de companhia com malmequeres de cardos; e campainhas brancas das figueiras do inferno a disputarem o sol com os rebentos lilases da sigurelha brava». (…) «Mas o rio domina tudo. Parece que o céu é uma miragem sua. Cortam-no mouchões e braços de areia. Espelham-se nele as árvores da margem, pendidas como a quererem deitar-lhe a mão e perguntar-lhe onde vai tão depressa. Mas corre sempre, ora abaixo, ora acima, como quem procura repouso e não encontra.»
In Alves Redol, Os Avieiros, Lisboa, Livraria Portugália, 1942, págs. 41 – 42
Igreja de Nossa Senhora da Expectação
Morada: Largo da Igreja
Localidade: Valada
Proprietário: Privado
Data de construção: 1211
Descrição
A Igreja Matriz de Valada, localizada no limite da povoação, junto ao rio Tejo e à praia fluvial, tem como padroeira a Nossa Senhora da Expectação. Embora date de 1211, apenas foi consagrada em 1528, pelo bispo de Rossiona, D. Ambrósio Pereira Brandão, segundo a lápide sobre o portal principal:
«ERA DE 1528 ANNOS OS 6 DIAS DO MES DE JANEIRO O BISPO DA CIDADE DE RESIONE DOM AMBROZIO CONSAGROU ESTA IGREJA E ALTAR-MOR E O DA CONCEIÇAM E ADRO EM LOUVOR DE NOSSA SENHORA E SEMPRE VIRGEM E NO SEU DIA SE GANHAM CORENTA DIAS DE PERDAM O QUAL HE 8 DIAS ANTE NATAL»
Numa das paredes exteriores desta Igreja surge, numa lápide funerária, uma inscrição referente a uma doação de terras feita em 1587, por António Afonso e sua mulher, a troco de 90 missas por ano.
Esta é uma Igreja de fachada de empena angular, com uma torre sineira adossada. Exibe uma arquitectura religiosa maneirista, com uma única nave com tecto em madeira e uma capela-mor abobadada. A Igreja apresenta um coro de madeira relativamente alto e as paredes da nave estão decoradas com azulejos de padrão oitocentista. A capela baptismal, onde se encontra a pia baptismal, não possui base e fuste. Do mesmo lado, surge um retábulo renascentista enquadrado por colunas e por pinturas de Diogo Teixeira, artista e mestre lisboeta. Esta Igreja foi alvo de várias remodelações, tendo sido completamente modificada em 1901.
Tal como as Virgens Negras, a Nossa Senhora da Expectação representa a Deusa-Mãe vestida de Sol e é apresentada com a imagem do ventre da Virgem. O culto a Nossa Senhora da Expectação atingiu o maior número de crentes no século XIV, mas que tem vindo a diminuir substancialmente ao longo dos tempos.
Ponte Rainha D. Amélia
Morada: Rua da Ponte
Localidade: Porto de Muge
Proprietário: Público
Data de construção: 1904
Descrição
Esta Ponte deve o seu nome à rainha D. Amélia, que a atravessou pela primeira vez acompanhada de seu marido, o rei D. Carlos, quando se deslocavam para Vila Viçosa, no dia 28 de Janeiro de 1904, 14 dias depois da data de inauguração desta obra de engenharia, a 14 de Janeiro.
A Ponte assenta em 13 pilares e as suas fundações foram descidas a uma profundidade de 12 a 14 metros. Possui uma extensão de 840 metros.
A Ponte Rainha D. Amélia é uma ponte sobre o rio Tejo, projectada por Gustave Eiffel, o famoso engenheiro francês, conhecido pelas suas construções em ferro que caracterizaram a “Engenharia do Ferro e do Vidro”, corrente arquitectónica que surgiu no final do século XIX e no início do século XX. Nesta época as técnicas de utilização do ferro foram desenvolvidas e, aliado a este material, também o vidro se produzia em grande escala. Outros exemplos deste tipo de arquitectura em Portugal são o elevador de S. Justa, em Lisboa, ou a ponte D. Luís, no Porto.
Inicialmente, a Ponte era usada para tráfego ferroviário. Em Agosto de 2001, a ponte foi reconvertida ao tráfego rodoviário e pedonal. Devido à reduzida largura de do tabuleiro da ponte, a travessia do tráfego rodoviário é feita alternadamente, controlada por meio de semáforos. A Ponte Rainha D. Amélia possuiu, durante muito tempo, o título da ponte ferroviária mais extensa da Península Ibérica, em via única.